Project Gutenberg's Os Cataventos, by António Augusto da Rocha Peixoto This eBook is for the use of anyone anywhere in the United States and most other parts of the world at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.org. If you are not located in the United States, you'll have to check the laws of the country where you are located before using this ebook. Title: Os Cataventos Author: António Augusto da Rocha Peixoto Release Date: July 5, 2015 [EBook #49367] Language: Portuguese Character set encoding: ISO-8859-1 *** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK OS CATAVENTOS *** Produced by Rita Farinha (This file was produced from images generously made available by BDAlentejo (Biblioteca Digital do Alentejo) *Nota de editor:* Devido à existência de inconsistências nomeadamente relativas à numeração das imagens, foram tomadas decisões quanto à versão final. As decisões encontram-se descritas no fim desta obra. Rita Farinha (Julho 2015) PORTVGALIA MATERIAES PARA O ESTUDO DO POVO PORTUGUEZ SEPARATA DO TOMO II, FASCICULO 3 Rocha Peixoto OS CATAVENTOS COM QUARENTA E SEIS ILLUSTRAÇÕES NO TEXTO PORTO IMPRENSA PORTUGUESA 112--_Rua Formosa_--112 1907 PORTVGALIA MATERIAES PARA O ESTUDO DO POVO PORTUGUEZ SEPARATA DO TOMO II, FASCICULO 3 Rocha Peixoto OS CATAVENTOS COM QUARENTA E SEIS ILLUSTRAÇÕES NO TEXTO PORTO IMPRENSA PORTUGUESA 112--_Rua Formosa_--112 1907 OS CATAVENTOS Na meteorologia popular prognostica-se ácerca dos doze mezes do anno conforme os aspectos dos primeiros doze dias de janeiro; ou presume-se pelo vento que soprar á meia noire no dia da Senhora das Candeias, 2 de fevereiro, o vento dominante durante o resto do anno; ou conclue-se pela agitação atmospherica n'umas temporas d'onde prevalecerá o meteoro até ás seguintes; ou ainda mais restrictamente se avalía pelo vento do dia de S. Miguel, 29 de setembro, o estado do inverno que se approxima; ou, por ultimo,se infere da direcção observada á uma hora da tarde do dia da Senhora da Ascenção qual o vento estival de predominio. A verdade, porém, é que isto se caticina e mal se admitte. Alguns adagios contradictam logo os prenuncios, pois Quando deus queria, Do Norte chovia. Quando Deus quer, com todos os ventos chove. Vento e ventura, Pouco dura. [Figura: Figs. 1 a 3] De mais firmesa é a illação diaria tirada dos aspectos celestes, associados frequentemente a relações com a ondulação orographica local. «Vem ahi o trovão», diz-se no planalto de Barroso ao observarem-se as formas de certas nuvens e a orientação da sua marcha. E a trovoada, ás vezes diaria no estio, em breve surge. No Soajo, formando-se ellas na portella de Tibo, apenas se «esbarram» em vento; mas levantando-se uns «penduricalhos» no rio, sitio do Cachão, e quando o castello da Nobrega «tem carapuça» irrompe a chuva. O mesmo succede em Castro Laboreiro quando as nuvens «fazem chapeu» lá para os montes do Gerez; e em Rebordãos, nas abas da serra da Nogueira, se «está o buraco tapado», ou sejam as nuvens ao nascente, a agoa é certa. Entretanto, como se diz no Soajo: Chuvas de verão, É como amores em vão. A «maré pica de cima» ou a «maré pica de baixo» são as formulas com que ordinariamente se distinguem os ventos norte e sul que annunciam bom ou mau tempo. Todavia, e em regra, quando o vento do sul é forte, a chuva não se prolonga tanto como se é mais brando do mesmo quadrante (Castro Laboreiro). Outras previsões fundamentadas em varios aspectos de nuvens, do orvalho e circumstancias, logares e horas em que se mostra, de attitudes dos aninmaes e até da agoa das fontes, asseguram nevoeiro ou chuvas proximas, os trovões ou as nevadas. [Figura: Figs. 4 a 6] E mais quando os trabalhadores seccam as mãos e não se agarram aos cabos das enxadas é signal de chuva, como é de trovoada, pela tarde, quando, na faina do centeio, a palha tem difficuldade em guardar o grão e se resente da humidade (Castro Laboreiro). [Figura: Figs. 7 a 10] Decerto que com alguns d'estes e outros prognosticos nem sempre condiz a realidade ulterior dos factos. Mas em muitos a experiencia assegura a certesa, tanta e precisa como a tem o aldeão, e o serrano principalmente, quando se orienta. Assim, pelos cumes dos montes descobertos se guiam, como pela altura do sol calculam a hora e ainda pela direcção e extensão da sombra (Barroso). Depois do dia governa-os o sete-estrello e por elle sabem se a noite vae alta (Nogueira, Barroso, Laboreiro). Se pela tarde, emtanto, ha muito nevoeiro, é o orvalho que os esclarece sobre a approximação da noite. «Já _lóze_ o orvalho», isto é, já luz e portanto a noite chega (Castro Laboreiro). Só quando o _camasso_ ou camada de neve é tal que tudo é branco (Barroso) os mais sabidos se perdem nos caminhos; os homens enterram-se até aos joelhos; os gados não podem marchar, sequer para irem beber; e, na serra das Alturas, não é possivel mesmo sahir por um e por dois mezes. [Figura: Figs. 11 e 12] Ainda outro impedimento de orientação, mas mais ephemero, vem com a nevoa. Ha a esperar que se dissipe. E entretanto afugentam-a com esconjuros, com formulas rimadas. Em Meirinhos, no concelho de Mogadouro, os rapazes, quando pela manhã a olham, increpam-a e mandam-a para a Villariça: Névoínha peidorreira, Vae para os cantos da ribeira, Que está lá uma porca parida com leitões. Come-lhe os leitões, E manda a porca para os berrões. [Figura: Figs. 13 e 14] As grimpas, emtanto, sempre que as ha, são naturalmente observadas, uma vez que este simples apparelho, limitado frequentemente a uma bandeirola movendo-se em torno d'um eixo vertical, indica a direcção do vento e, derivativamente, certos estados atmosphericos. Rara é a torre que não remata em veleta. De dia, pois, e sem nevoa, a freguesia tem na séde o instrumento que logo a elucida, mais ou menos grosseiramente, sobre o tempo provavel. [Figura: Figs. 15 e 16] Este apparelho, a um tempo orientador e ornamental, procede da alta edade-media tendo sido a principio um signal de nobresa[1] e portanto um privilegio senhorial[2]. Além das edificações nobilitarias, só tinham direito a exhibil-as as construções ecclesiasticas. De sorte que figuravam muitas vezes as armas do mosteiro e do senhor em recorte na chapa, pintadas ainda e douradas, ou outros symbolos da heraldica, como corôas e leões rompantes. Nos seculos XIV e XV as grimpas convertem-se em verdadeiros ornamentos. E como desde os fins do seculo XI a torre, depois de ter sido uma fortificação que protegia a egreja, comece a prestar-se ás funcções se multipliquem com uma liberdade cheia de phantasia, tornando-se um poderoso instrumento de decoração e de orgulho para cathedraes e mosteiros[3], as proprias ornamentações dos remates mais se acuminam e alindam. Umas vezes a decoração exclue a ventoínha e apenas consiste em combinações de folhas e flores, aves e outra fauna de imaginação, figuras humanas e cupidos, de loiça, ferro, chumbo ou zinco e do mesmo passo notaveis pela belleza de execução e graça[4]. É a estes ornamentos em ponta que correspondem, nos monumentos arabes, as terminações aceradas que um crescente fecha[5]. As mais das vezes, porém a veleta apparece sob a forma de monstros alados, dragões e animaes phantasticos[6], do archanjo S. Miguel, anjos e navios[7], do gallo principalmente[8], tudo mais ou menos historiado e até, da Renascença ao seculo XVII, com a assignatura ou inspiração d'um artista emerito[9]. [Figura: Figs. 17 a 19] [Figura: Figs. 20 a 23] [Figura: Figs. 24 a 27] [Figura: Figs. 28 e 29] [Figura: Figs. 30 e 31] [Figura: Fig. 32] A serralheria portuguesa concorreu tambem, com a humildade caracteristica da industria popular nacional, para a indigente ornamentação dos acumes das torres e, mais restrictamente, de castellos, de pharoes, de pelourinhos (Rates), de chafarizes (Barcellos), de moínhos, de telhados, de chaminés (Alemtejo) e até d'um mastro ou varo ao alto, em campos e quintaes. Dominam, todavia, as de ferro nas egrejas. A flecha, designadamente adstricta a indicar o rumo do vento, é simples, associada a folhagens, á cruz e á esphera armillar, recortada outras vezes e até modificada na sua configuração habitual, substituindo-se por um sol a massa posterior e mais pesada. São exemplos as que se vêem em muitas habitações particulares (fig. 1), a do convento dos dominicos de Amarante (fig. 2) e a do santuario da Senhora da Abbadia (fig. 3). A combinação da bandeirola e da flecha é patente na egreja de S. Victor, em Braga (fig. 4), pois a bandeira apenas, como as de Santo Thyrso, de Moreira da Maia, de Santo Ildefonso, no Porto, da Alcaçova, em Montemór-o-Velho, de Travanca (fig. 5) e da capella do Bom Despacho, em Ancêde (fig. 6), são menos communs na singelesa dos seus breves recortes. A regra é accusarem a suggestão da flecha, como a do pelourinho de Rates (fig. 7), a do Carmo de Braga (fig. 8), a da capella da Senhora da Graça de Villa Cahiz (fig. 9) e a do mosteiro de Refojos do Lima (fig. 10). E a desfiguração d'esse elemento sempre transparece, aliás, em exemplares como a da casa particular do Trasladario, nos Arcos de Val de Vez (fig. 11), ess'outra dos Arcos (fig. 12), a de Santo Antonio dos Frades, em Ponte do Lima (fig. 13), a do Populo, em Braga (fig. 14), a da Misericordia de Amarante (fig. 15) e a da matriz de Ancêde, em Baião (fig. 16). Com os mesmos accessorios da cruz e da esphera armillar, mas mais historiadas e accrescidas, são as da egreja do Espirito Santo, nos Arcos de Val de Vez (fig. 17), e a da capella de S. João do Souto, em Braga (fig. 18)[10]. A do Oratorio da Senhora da Saude das Carvalheiras, n'esta ultima cidade (fig. 19), é apenas uma interessante substituição pelos cravos e a corôa de espinhos. [Figura: Fig. 33] [Figura: Fig. 34] Tam frequente é ainda o gallo, symbolo da vigilancia, vulgarissimo nas torres das numerosas egrejas christãs[11], e já empregado de datas longinquas[12]. Alguns mesmo assumiam proporções grandiosas: o da torre da Ajuda, cuja veleta de bronze attingia 31 palmos de alto, media 18 do bico á cauda[13]! Nas casas particulares ou seus annexos (fig. 20), em Cedofeita e Carmo, no Porto, nas matrises da Trofa, de Ponte do Lima, da Campeã (fig. 21) e de Castro Laboreiro (fig. 22), na egreja da Senhora das Dôres, da Povoa de Varzim (fig. 23), na Lapa, em Braga (fig. 24) e em outras e innumeraveis torres e campanarios, o gallo apparece, ou associado simplesmente á cruz ou a folhagens e emblemas ornamentaes. Outras aves raramente pretextarão o ornato accessorio das grimpas, como o caso das duas geminadas no Seminario de Braga (fig. 25), ou então o papel exclusivamente decorativo do admiravel pelicano de bronze da Sé de Vizeu, inicialmente estante de côro, e durante muito tempo adaptado, depois de mutilado, a uma torre da cathedral, por cima do sino do relogio[14]! Da fauna ha ainda os peixes, principalmente nas povoações da beira-mar (Mattosinhos, Santa Cruz do Bispo, Lavra, etc.), os leões mais ou menos barbaros como o da egreja de Pico de Regalados (fig. 26) e os dragos da fauna mythica, como o do mosteiro de Santa Maria de Bouro (fig. 27), já de remota concepção e uso[15]. [Figura: Fig. 35] A iconographia dos anjos é mais vasta e variada em pormenores. Vêem-se com a mitra e o baculo no hospital de S. Marcos de Braga (fig. 28), com o calice em Guimarães, com o sol na matriz de Fão e na egreja de S. Francisco, em Ponte do Lima (fig. 29), com a tuba em S. Bento, no Porto, e em S. Martinho de Gallegos, junto a Barcellos, com outros emblemas em S. Paio, nos Arcos (fig. 30), com arco e setta na egreja de S. Domingos, em Amarante (fig. 31), com a espada em Guimarães e no santuario do Allivio, em Soutello, e com o gladio ondeante na matriz de Monsão. Este motivo decoral, de execução mais difficil, é tambem dos mais generalisados nos templos christãos; e occorre relembrar o celebre _anjo de ouro_ do campanario de S. Marcos, em Veneza, esculptura de madeira de 5 metros de alto, revestida de chapas de bronze dourado e inaugurada solemnemente como catavento no primeiro quartel do seculo XVI[16]. [Figura: Fig. 36] [Figura: Fig. 37] Veem por ultimo, e d'ordinario na habitação privada, outras figuras alheias aos themas convencionaes, como o homem sobre um sol e que consulta os astros, n'uma casa da Povoa de Varzim (fig. 32), o homem que maneja um alfange, o miliciano que aponta uma espingarda, o cavalleiro que galopa, o cavalleiro que peleja (Povoa de Lanhoso), outras mais. [Figura: Fig. 38] De toda esta obra de serralheria só excepcionalmente se aparta uma grimpa mas interessante de concepção e realisação, como as já alludidas de S. João do Souto, de Monsão e de Bouro e ainda a agradavel cruz ornamentada de Santa Eugenia de Rio Côvo, perto de Barcellos. No norte, como no sul[17], as veletas e outra obra artistica de ferro manifestam vivamente a subalternidade portuguesa ante a sumptuosa variedade e merito artistico da obra similar hespanhola. Entretanto não se limitam ás grimpas os pequenos instrumentos de engenho popular accionados pelas correntes aereas. Ha-os que são exclusivamente decorativos; outros destinam-se a afugentar as aves que assaltam os fructos; outros ainda são ventoínhas reguladoras, mais ou menos. Um muito interessante pela simplicidade, graça e utilisação d'um recurso commum e local é a especie de anemometro executado com duas varas em cruz, rematando cada extremidade com a valva concava d'um lamellibranchio do Gen. _Pecten_, o _P. maximus_, L. (fig. 33). Usam-o em varias freguesias do concelho da Povos de Varzim, como Amorim (Abremar), Beiriz e Terroso, dando assim ás conchas uma das varias applicações, ou ornamentaes ou utilitarias, já conhecidas[18]. [Figura: Fig. 39 a 41] Na mesma região até uma canna, com um velho retalho de sola figurando de bandeira, serve de catavento. O modelo, porém, mais geral é o denominado _ventiéla_ (fig. 34) commum não só em todo o concelho, mas ainda n'outros e com ligeiras alterações constructivas, como em Bouças, por exemplo (fig. 35). Annexando á ventiéla uma velha vasilha de folha de ferro e duas pedritas suspensas por fios do eixo movel, de sorte a percutirem repetidamente a lata quando o apparelho está em movimento, temos o catavento, _corta-vento_ ou _bate-bate_ que afugenta a passarda das figueiras e das vinhas. É a _taraméla_ de Ponte do Lima (fig. 36), a _tarabella_ de Lindoso e Miranda, a _cacaréla_ de Melgaço, o _ratatau_ e _catraméla_ de Santa Martha de Penaguião, a _ralhadeira_ do Soajo, o _batedor_ de Barroso, o _rigibó_ ou _ruge-ruge_ de Cabeceiras e do Arco de Baúlhe (fig. 37), um modelo geral, emfim, com estas designações ou outras, empregado em quasi todo o paiz para semelhante destino--como, para a defesa dos ervilhaes, o casaco, as calças e chapeu velhos suspensos de dois paus em cruz e formando o geralmente denominado _espantalho_. [Figura: Fig. 42] [Figura: Fig. 43] A designação barrosã de _batedor_ applica-se, aliás, em Lindoso a outro engenho com intuitos semelhantes, ou sejam de espantar a _beadilha_--bichos bravos, como o texugo e a raposa--mas em que o vento não interfere. É uma caixa de madeira disposta sob um veio de agoa que vem d'alto. Ao fundo addiciona-se-lhe uma longa taboa que remata por um mascôto e cujo peso, quando a caixa está vasia, inclina esta para a frente. Enchendo-se de fluído, o recinto então pesa mais, ergue-se veloz e logo verte e se esvasía. Volve, pois, á posição inicial, isto é, inclinando-se para o lado do mascôto; e ao voltar este bate rijamente n'uma taboa sobjacente. São estas pancadas successivas e espaçadas que amedrontam e afastam a bicharia. [Figura: Fig. 44] [Figura: Fig. 45] A intenção ornamental determina a adopção d'outros brinquedos em que do vento apenas se deseja motricidade, sem nada inquirir do rumo em que caminha. São as flammulas e bandeiras dos _coruchos_ ou cupulas das moreias (Ponte da Barca, Barcelos, etc.), associadas frequentemente a cruzes floreadas, a estrellas, a arcos de festas, e ás vezes mesmo ao pucaro invertido que corôa as mêdas (Maia, Bouças, Porto, etc.); são as reducções dos moínhos de vento (fig. 38) com os mesmos pannos e varaes, em logares, como Laundos e Terroso, no concelho da Povoa de Varzim, onde funccionam estas rudimentares estancias de moagem; são os curiosos bonecos de madeira que se veem nas hortas, jardins e campos desde Barcellos e Povoa de Varzim até á Maia e parte do concelho de Bouças. O exame das figuras, todas pintadas a côres vivas, logo indica como se effectua o andamento (figs. 39 a 42). Outr'ora, em Azurara, raro era o quintal que não possuía uma ventoínha figurada, em regra esculpida por marujos em descanço. E em alguns casos, que hoje só por acaso se observam na area dita, em vez d'uma figura havia muitas, peões e cavalleiros batalhando sobre uma circumferencia com cerca d'um metro de diametro. Ainda um barco, com a cordoalha de arame e as vélas de tecido de algodão (fig. 43) estava organisado e orientado de sorte (Povoa de Varzim) a realisar movimentos que imitavam a marcha d'uma nave. Mas já outra esculptura immovel, do mesmo habilidoso, apenas manifestava, a seu modo, um symbolismo: era um _saragoçano_ em face do tripé que sustentava o oculo de alcance e inquirição; á frente o cão fiel; a um lado um anjo inspirador, sustentando nas mãos os astros sobre cuja influencia incidiam as observações do astrologo, atraz, e a uma meza, o secretario que registava as observações e os algarismos (figs. 44 e 45). [Figura: Fig. 46] Como arte popular esta esulptura lembra os brutescos que os ceramistas de Aveiro fabricavam para ornamento dos telhados. Apenas os esculpidos e levantados para ventoínhas teem sobre aquelles o interesse do movimento. Ora nem só as creanças, com os seus _corrupios_ e _gregorios_ (fig. 46), se apropriam do vento como agente do brinquedo: tambem o homem, independentemente da utilidade orientadora do engenho, edifica grimpas e cataventos que o mesmo motor faz trabalhar para seu regalo esthetico--bem limitado, em verdade! Porto. Janeiro, 1907. *Notas*: [1] Viollet-le-Duc, _Dict. raisonné de l'architecture française du X au XVI siècle_, VI, voc. _Girouette_, pags. 28-9. Bauce ed. Paris, 1863. [2] Camille Enlart, _Manuel d'archéologie française depuis les temps mérovingiens jusqu'à la Renaissance_, II, _Architecture civile et militaire_, pag. 177. A. Picard ed. Paris. 1904. [3] Louis Gonse, _L'art gothique_, pags. 110-1. Quantin ed. Paris, s. d.--André Michel, _Histoire de l'Art_, capitulo de Camile Enlart, _L'architecture romane_, I, 2.^a parte, pags. 450-2. A. Colin ed. Paris, 1905. [4] Henry Havard, _Dict. de l'ameublement et de la décoration depuis le XIII^e siècle jusqu'à nos jours_, II, voc. _Épi_, pags. 503-4 e figs. 339 a 342. Quantin ed. Paris, s. d.--Viollet-le-Duc, ob. cit., V, mesmo voc., pags. 271-87. [5] Prisse d'Avennes, _L'art arabe d'après les monuments du Kaire_. Morel & C.^{ie} eds. Paris, 1877. [6] Havard, ob. cit., voc. _Girouette_, pag. 1099.--Viollet-le-Duc, ob. cit., VI, voc. _Croix_, pag. 427. [7] Enlart, _Manuel_ cit., pag. cit. [8] Viollet-le-Duc, ob. cit., VI, voc. _Croix_, pag. cit., e voc. _Coq_, pags. 305-6. [9] Havard, ob. cit., voc. _Girouette_, pag. 1100. [10] Pela distancia e situação do desenhista em relação ao objecto esboçado, algumas das grimpas figuradas não apresentam o rigor de perspectiva nem a minucia de pormenor que os embaraços accusados explicam. [11] Viollet-le-Duc, ob. cit., VI, voc. _Coq_, pag. 306.--Paul Sébillot, _Les travaux publics et les mines dans les traditions et les superstitons de tous de pays_, pag. 383. Rothschild ed. Paris, 1894. [12] Viollet-le-Duc, ob. cit., VI, voc. _Croix_, pag. 432. [13] Ribeiro Guimarães, _Summario de varia historia_, V, pag. 175. Rolland & Semiond eds. Lisboa, 1875. [14] Filippe Simões, _A Exposição retrospectiva de arte ornamental portugueza e hespanhola em Lisboa_, pag. 78. Typ. Universal. Lisboa, 1882. [15] Havard, ob. cit., II, voc. _Girouette_, pag. 1099.--Enlart, _Manuel_ cit., II, pag. 177. [16] Gabriel Pereira, _O Campanario de S. Marcos_, in _Bol. da R. Assoc. dos architectos civis e archeologos portuguezes_, serie IV, fasc. 5.^o, pag. 32. Lisboa, 1902. [17] Gabriel Pereira, _Estudos eborenses_, fasc. VII, pag. 25. Minerva eborense. Evora, 1886. [18] Rocha Peixoto, _Notas sobre a malacologia popular_, in _Revista de Sciencias Naturaes e Sociaes_, I, pags. 75-90. Porto, 1890. Lista de decisões efectuadas Aqui encontram-se listadas as decisões tomadas em momentos menos claros da revisão desta obra: A partir da fig. 29 existe um desfasamento na numeração das imagens. Mantivemos essa discrepância devido às diversas referências às figuras que se encontram ao longo do texto, podendo a sua renomeação alterar a relação pretendida pelo autor. End of Project Gutenberg's Os Cataventos, by António Augusto da Rocha Peixoto *** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK OS CATAVENTOS *** ***** This file should be named 49367-8.txt or 49367-8.zip ***** This and all associated files of various formats will be found in: http://www.gutenberg.org/4/9/3/6/49367/ Produced by Rita Farinha (This file was produced from images generously made available by BDAlentejo (Biblioteca Digital do Alentejo) Updated editions will replace the previous one--the old editions will be renamed. 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It exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from people in all walks of life. Volunteers and financial support to provide volunteers with the assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will remain freely available for generations to come. In 2001, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 and the Foundation information page at www.gutenberg.org Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit 501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification number is 64-6221541. Contributions to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by U.S. federal laws and your state's laws. The Foundation's principal office is in Fairbanks, Alaska, with the mailing address: PO Box 750175, Fairbanks, AK 99775, but its volunteers and employees are scattered throughout numerous locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887. 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